sexta-feira, 28 de agosto de 2015

CASO ANTÔNIO VILLAS-BOAS

Em 15 de outubro de 1957, ocorreu o primeiro caso de abdução propriamente dito, em que a testemunha/vítima é levada contra a sua vontade para dentro de aparelhos voadores desconhecidos onde são submetidos à variados testes e experimentos. O Caso Antônio Villas Boas, como ficou conhecido, é o primeiro de uma série de casos que ainda hoje, mais de 50 anos depois, constituem-se no maior mistério dentro de todo o Fenômeno OVNI.

Este caso, ocorrido na zona rural de São Francisco de Sales (MG), teve como protagonista Antônio Villas Boas, na ocasião com 23 anos de idade, branco, filho do proprietário da fazenda, que estava arando o campo à noite, com o auxílio de um trator. Por volta da 1 hora da madrugada de 15 de outubro de 1957, Villas Boas observou uma estrela vermelha que aparentemente se aproximava de onde se encontrava. Em pouco tempo, ele percebeu que não se tratava de uma estrela e sim de um aparelho de grandes dimensões fortemente iluminado que pairou sobre o trator a mais ou menos 50 metros de altura, para logo em seguida pousar nas proximidades.
O aparelho tinha formado oval, alongado, com aproximadamente 20 metros de comprimento por 4 de altura e apoiou-se sobre três hastes metálicas. Na parte da frente havia três hastes de aparência metálica, solidamente encravadas na estrutura, sendo uma no bico afunilado da nave e uma de cada lado, como se fossem três esporões, bem grossos na base afinando nas pontas. Destas extremidades saíam uma ligeira fosforescência avermelhada, como se as pontas estivessem em brasa. Ao longo do objeto haviam inúmeras lâmpadas embutidas na fuselagem do aparelho, havendo uma única janela. Na parte superior havia uma cúpula giratória, de uns 10 metros de diâmetro, em constante movimento de rotação, e emitindo uma luz forte e avermelhada.

Pouco depois do pouso, saíram do objeto vários seres, vestindo escafandros, que dominaram Antônio e o levaram a força para dentro do veículo, onde foi despido, teve seu sangue extraído e em seguida foi obrigado a manter relações sexuais com uma fêmea humanoide. Após tudo isto, Antônio recebeu suas roupas de volta e foi levado de volta para a escadinha pela qual entrou.
Ao decolar, o objeto levantou um pouco do solo e recolheu o trem de pouso, elevou-se uns 50 metros, onde parou. Sua luminosidade aumentou e mudou para vermelho vivo. Após isto emitiu um zumbido e partiu em altíssima velocidade, em direção ao sul.


O caso foi pesquisado por dois médicos e ufólogos cariocas, Olavo Fontes e Walter Buller, que através de exames em Antônio Villas Boas diagnosticaram exposição à radiação, que gerou insônia, cansaço, dores pelo corpo, náuseas, dores de cabeça, perda de apetite, ardência nos olhos, lacrimejamento permanente e lesões cutâneas provocadas por contusões até as mais leves. Também surgiram manchas amareladas pelo corpo, que levavam de 10 a 20 dias para desaparecer. As lesões continuaram a aparecer durante meses, tendo o aspecto de pequenos nódulos avermelhados, mais duros do que a pele em volta. Destes nódulos saíam pus amarelado.

Exame Clínico em Antônio Villas Boas


Identificação: Antônio Villas Boas, 23 anos, branco, solteiro, fazendeiro, residente em São Francisco de Salles, no Estado de Minas Gerais.
História da doença:
Conforme está registrado em seu depoimento (anexo), deixou o aparelho às h:30 hs da manhã de 16 de outubro de 1957. Sentia-se bastante fraco, por não ter ingerido nenhum alimento desde às 21 horas da noite anterior, e por ter vomitado bastante dentro do aparelho. Chegou em casa exausto e dormiu o dia quase todo. Despertou às 16:30 hs, sentiu-se bem e jantou normalmente. Já nessa noite (e também na seguinte), porém não conseguiu dormir. Estava nervoso e muito excitado; por várias vezes chegava a conciliar o sono, mas logo começava a rever em sonhos os acontecimentos da véspera, mas como se tudo estivesse ocorrendo de novo; acordava então sobressaltado, aos gritos, sentindo-se agarrado outra vez, pelo seus estranhos captores. Após várias experiências desse tipo, desistiu de dormir e passar a noite estudando. Mas também não podia, pois não havia jeito de concentrar a atenção no que estava lendo; seus pensamentos voltavam sempre às ocorrências da noite anterior. Amanheceu do dia inquieto, andando de um lado para o outro e fumando sem cessar. Estava cansado e com dores por todo o corpo. Tomou então uma xícara de café, sem comer nada como fazia de hábito. Logo em seguida, entretanto, começou a sentir-se nauseado. Essa náusea permaneceu durante todo o dia. Surgiu também, nas têmporas, uma forte dor de cabeça, que pulsava, e que também durou o dia todo. Observou que havia perdido completamente o apetite e não conseguiu comer absolutamente nada durante cerca de dois dias.
Passou a segunda noite ainda sem poder dormir, na mesma situação da noite anterior. Durante essa noite, começou a sentir um incômodo ardor nos olhos, mas a dor de cabeça desapareceu e não mais voltou.
Durante o segundo dia, continuou nauseado e com inapetência absoluta. Não vomitou porém, em nenhuma ocasião, talvez por não ter forçado a alimentação. A ardência nos olhos se acentuou e passou a se acompanhar de lacrimejamento permanente; não notou contudo, nenhuma congestão nas conjuntivas – nem qualquer outro sinal de irritação ocular. Não observou diminuição da visão.
Na terceira noite o sono voltou, tendo dormido normalmente. Mas daí por diante, durante o prazo de um mês aproximadamente, foi acometido de uma sonolência excessiva. Mesmo durante o dia, cochilava ou dormia a qualquer momento, mesmo quando em conversa com outras pessoas e em qualquer lugar. Bastava que ficasse parado por algum tempo para, insensivelmente começar a dormir, durante todo esse período de sonolência, persistiu também a ardência nos olhos e o lacrimejamento excessivo. A náusea desapareceu, todavia, no terceiro dia – quando também o apetite voltou, passando a se alimentar normalmente. Notou que os sintomas visuais se agravavam na luz do Sol, obrigando-o a evitar muita claridade.
No oitavo dia, teve pequena contusão no antebraço, quando trabalhava, com pequena hemorragia no local. No dia seguinte, observou que a lesão tinha se transformado numa pequena ferida infectada, com um pequeno ponto de pus, e coçando muito; quando essa ferida cicatrizou, ficando uma mancha arroxeada em volta. Quatro a dez dias após, novas feridas semelhantes nos antebraços e pernas; essas porém vieram espontaneamente, sem traumatismo prévio; todas elas se iniciando por “um pequeno calombo no olhozinho no centro, coçando muito, durando cada vez uma dez a vinte dias”. Refere que todas ficaram “arroxeadas em volta ao secar”, ainda se notando as cicatrizes.
Não observou, em nenhuma ocasião, qualquer erupção cutânea ou queimadura, negando também que tivesse notado qualquer ponto hemorrágico na pele (petéquias) ou equimoses aos traumatismos menores (manchas hemorrágicas); se algumas houve, passaram-lhe desapercebidas. Refere, contudo, que no décimo-quinto dia apareceram-lhe duas manchas amareladas no rosto, de um lado e do outro do nariz, mais ou menos simétricas: eram “uma espécie de ganes meio pálidos, como se houvesse ali pouco sangue”, que desapareceram espontaneamente ao fim de uns 10 a 20 dias.
Atualmente ainda tem, nos braços, duas feridinhas não cicatrizadas, além das cicatrizes de várias outras – que continuaram aparecendo esporadicamente durante esses meses. Nenhum dos demais sintomas descritos acima reapareceu até agora. Sente-se no momento bem disposto e julga estar gozando de boa saúde.
Nega ter tido febre, diarreia, fenômenos hemorrágicos ou icterícia – não só na fase aguda de sua doença, mas também posteriormente. Não notou, por outro lado, nenhuma área de depilação, no corpo ou na face, nem observou queda excessiva de cabelos – em nenhuma ocasião, de outubro para cá. Durante o período de sonolência não apresentou diminuição aparente da sua capacidade para o trabalho físico. Não observou também qualquer diminuição da libido ou potência, ou qualquer alteração de acuidade visual; não notou ainda anemia, nem teve lesões ulceradas na boca.

Doenças passadas:
Refere-se apenas a doenças eruptivas próprias da infância (sarampo e catapora), sem complicações. Nunca teve doenças crônicas venéreas. Sofre, há alguns anos de “colite crônica”, que no momento não o está incomodando.

Exame Físico:
Trata-se de uma pessoa do sexo masculino, de cor branca, cabelos negros e lisos e olhos escuros, não aparentando sofrer de nenhuma doença aguda ou crônica.

Biótipo: Longilíneo estênico.

Fácies: atípica.
É de estatura média (1,64m. calçado), magro porém robusto, com musculatura bem desenvolvida. Está em bom estado de nutrição, não apresentando nenhum sinal de carência vitamínico. Ausência de deformidades físicas ou anomalias do desenvolvimento corporal. Pelos do corpo, de aspecto e distribuição normal em relação ao seu sexo. Mucosas conjuntivas ligeiramente descoradas. Dentes em bom estado de conservação. Gânglios superficiais impalpáveis.

Exame dermatológico:
Há que se assinalar as seguintes alterações:
1)– duas pequenas manchas hipercrômicas, uma de cada lado do queixo, de pequeno tamanho e formado mais ou menos arredondado; uma delas tem o diâmetro de uma moeda de 10 centavos, sendo a outra um pouco maior e de aspecto mais irregular; a pele sobre essas regiões se apresenta mais lisa e adelgaçada, como se tivesse sido renovada recentemente, ou como se fosse algo atrofiado; não há nenhum elemento que permita fazer qualquer avaliação sobre a natureza e a idade dessas marcas: apenas se pode dizer que são cicatrizes de alguma lesão superficial com hemorragia subcutânea associada – tendo pelo menos um mês e no máximo doze meses de existência; aparentemente essas marcas não são definitivas e desaparecerão provavelmente ao cabo de alguns meses. Nenhuma outra mancha ou marca semelhante foi assinalada.
2) Diversas cicatrizes de lesões cutâneas recentes (alguns meses no máximo), no dorso das mãos, antebraço e pernas. Todas apresentam o mesmo aspecto, que lembra o de pequenos furúnculos ou feridas cicatrizadas, com áreas de descamação em volta, mostrando que são relativamente recentes. Ainda existem duas não cicatrizadas, uma em cada braço, cujo aspecto é o de pequenos nódulos (ou calombos) avermelhados, mas duros do que a pele em volta e fazendo saliência em relação à mesma, dolorosos à pressão, com um pequeno orifício central que deixa escapar uma serosidade amarelada; a pele em volta se apresenta alterada e irritada – indicando que as lesões são pruriginosas, pois há marcas feitas pelas unhas do paciente ao cola-las. O aspecto mais interessante de todas essas lesões e cicatrizes cutâneas é a presença de uma área hipercrômica de cor violácea em torno de todas elas – com a qual não temos nenhuma familiaridade. Não sabemos se essas áreas podem ter alguma significação especial, ou não. A nossa experiência em Dermatologia é insuficiente para que possamos interpreta-las corretamente, já que essa não é a nossa especialidade. Limitamo-nos pois a descrever essas alterações, já que foram também fotografadas.

Exame do sistema nervoso:
Psiquismo: Boa orientação no tempo e no espaço. Emotividade e afetividade dentro dos limites normais. Atenção espontânea e provocada, nos limites do normal. Teste de percepção, de associação de ideias e de raciocínio, indicando mecanismos mentais aparentemente normais. Memória anterógrada e retrógrada conservadas; memória visual excelente, com facilidade para reproduzir em desenhos ou gráficos os detalhes descritos verbalmente. Ausência de qualquer sinal ou evidência indireta de perturbação das faculdades mentais.
Nota: Estes resultados, embora precisos, deverão ser completados – caso possível – por um exame psiquiátrico mais especializado, feito por especialista.

Exame de motilidade, refletividade e sensibilidade superficial: Nada revelou de anormal.

Exame dos demais aparelhos e sistemas: Nada revelou de anormal.

Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 1958.

(a) Olavo Fontes, médico


O Relato Pessoal:

O meu nome é Antônio Villas Boas. Tenho 23 anos de idade e sou lavrador de profissão. Vivo com minha família em uma fazenda que possuímos próximo à localidade de São Francisco de Salles, em Minas Gerais, perto da fronteira de São Paulo. Tenho 2 irmãos e 3 irmãs, que vivem todos nas redondezas (havia mais 2 que já faleceram). Sou o penúltimo filho. Todos nós, os homens, trabalhamos na fazenda. Temos muita plantação e vários roçados e possuímos um trator a gasolina (International) para aragem da terra. Em época de cultivo trabalhamos com o trator em dois turnos: de dia o serviço é feito por 2 trabalhadores pagos para isso; à noite em geral trabalho eu, sozinho (durmo então durante o dia), ou às vezes, em companhia de um dos meus irmãos. Sou solteiro e tenho boa saúde. Trabalho muito e faço também um curso por correspondência, estudando quando posso. Vim ao Rio com sacrifício, pois não podia abandonar o serviço na fazenda; faço muita falta. Achei que era meu dever vir contar os estranhos acontecimentos em que estive envolvido e estou disposto a seguir o que os senhores acharem melhor – inclusive a prestar depoimento perante as autoridades civis ou militares. Gostaria contudo de voltar o mais depressa que puder, pois muito me preocupa a situação em que deixei a fazenda.

Tudo começou na noite de 5 de outubro de 1957. Houve uma festa lá em casa e fomos dormir mais tarde, às 11 horas. Estava no quarto com meu irmão João Villas Boas. Por causa do calor, resolvi abrir a janela do quarto, que dava para o curral. Vi então, no centro do curral, um reflexo fluorescente prateado, mais claro do que a luz da Lua, iluminando todo o solo. Era uma luz, muito branca, que não sei de onde vinha. Era como se viesse do alto, como a luz de um farol de automóvel que se espalhasse ao iluminar o lugar onde batesse. Mas não se via nada no céu, de onde pudesse vir a luz. Chamei meu irmão e mostrei a ele, Mas ele é muito cismado e disse que era melhor irmos dormir. Fechei então a janela e nos deitamos. Algum tempo depois, não conseguindo dominar a curiosidade, voltei a abrir a janela. A luz ainda estava lá, no mesmo lugar. Eu ia observar mais um tempo, mas aí a luz começou a mover-se devagar, vindo na direção da janela. Fechei-a então depressa, tão depressa que ela bateu com força e o barulho acordou meu irmão, que já estava dormindo. Juntos vimos na escuridão do quarto, a luz penetrar por pequenas frestas da janela e depois mover-se para o telhado, iluminando por entre as telhas. Aí ela se apagou e não voltou mais…
O segundo episódio ocorreu na noite de 14 de outubro. Devia ser entre 3:30 ou 10 horas da noite, mas não posso garantir pois estava sem relógio. Trabalhava com o trator arando um campo, acompanhado pelo meu outro irmão. De repente vimos uma luz muito forte (a ponto de ferir a vista), parada na ponta norte do campo. Quando a vimos já estava lá e já era grande, arredondada e do tamanho aproximado de uma roda de carroça. Parecia estar a uns 100 metros de altura e era de uma cor vermelho-clara, iluminando uma larga área do solo. Devia haver algum objeto dentro da luz, mas não posso afirmar pois ela era muito forte para que se pudesse ver mais alguma coisa. Chamei meu irmão para irmos lá ver o que era aquilo. Ele não quis e eu fui sozinho. Quando cheguei perto a coisa se mexeu de repente e, numa velocidade enorme, se moveu para a ponta sul do campo, aonde parou. Fui atrás outra vez. Mesma manobra, voltando agora para o local inicial. Continuei tentando e a manobra se repetiu durante 20 vezes. Já estava cansado e desisti, voltando para junto do irmão. A luz ficou imóvel por mais alguns minutos, parada ao longe. De vez em quando parecia emitir raios em todas as direções, como os do Sol poente, com cintilações. A seguir, sumiu repentinamente, como se apagasse. Não tenho certeza pois não me lembro se olhei só naquela direção o tempo todo. Talvez tenha olhado em outra direção por alguns segundos e ela tenha subido com velocidade e desaparecido antes que eu olhasse para lá de novo.

No dia seguinte, 15 de outubro, eu estava sozinho trabalhando com o trator no mesmo local. A noite estava fria e o céu muito limpo, com muitas estrelas. Exatamente à uma da madrugada, vi de repente uma estrela vermelha no céu. Parecia mesmo uma dessas estrelas maiores, de brilho forte. Mas não era, pois começou a aumentar rapidamente de tamanho, como se estivesse vindo em minha direção. Em poucos instantes transformou-se num objeto ovoide, fortemente luminoso, que vinha em minha direção a uma velocidade espantosa. Tão depressa ele se deslocava que, antes que eu pudesse pensar no que devia fazer, já estava por cima do trator. Aí esse objeto parou de repente e desceu até ficar a uns 50 metros acima de minha cabeça, iluminando o trator e o chão em volta como se fosse dia, com uma luz vermelho-clara tão forte que dominava a luz dos faróis do trator, que estava acesa. Naquele momento, fiquei apavorado, pois não sabia o que era aquilo. Pensei em fugir com o trator, mas vi que, com a pouca velocidade que o mesmo desenvolvia seriam poucas as chances de sucesso, dada a grande velocidade mostrada pelo objeto – que continuava parado em pleno ar. Pensei também em saltar ao chão e sair correndo, mas a terra fofa, revolvida pelas pás do trator, seriam um obstáculo difícil na escuridão. Seria penoso correr enterrando as pernas até o joelho naquele chão traiçoeiro; se metesse o pé em um buraco poderia até mesmo quebrar uma perna. Fiquei naquela agonia sem saber o que fazer, talvez uns dois minutos. Mas aí o objeto luminoso se moveu para a frente e parou de novo a uns 10 ou 15 metros adiante do trator. Começou então a descer para o solo, bem lentamente. Foi se aproximando e pude ver, pela primeira vez, que era um aparelho estranho, de feitio meio arredondado, todo rodeado de pequenas luzes arroxeadas e com um grande farol vermelho na frente, de onde parecia vir toda aquela luz que eu vira quando o mesmo estava mais alto – e que impedia que eu pudesse distinguir qualquer outro detalhe. Mas agora via-se perfeitamente a forma daquela máquina, que era semelhante à um grande ovo alongado, com três hastes de metal, grossas na base e afinando na rescendia (ou luz fluorescente como a de um anúncio luminoso) avermelhada, da mesma cor do farol dianteiro. Na parte superior, havia uma coisa que girava a grande velocidade, também emitindo uma forte luz fluorescente avermelhada. Essa luz foi mudando para uma cor esverdeada no momento em que o aparelho diminuiu sua marcha de descida, para pousar, isto correspondendo, na minha impressão, a uma diminuição na velocidade de rotação daquela parte giratória, que pareceu tomar a forma de um prato circular, ou cúpula achatada, nesse momento (antes não se distinguia forma). Não posso afirmar se esta era a forma real daquela parte giratória que havia no topo do aparelho, ou simplesmente uma impressão dada pelo movimento – porque em nenhum momento (mesmo depois, com o aparelho no solo) a mesma deixara de girar.



Naturalmente, a maior parte dos detalhes que estou descrevendo foram observados mais tarde. Naquele primeiro momento, eu estava muito nervoso e angustiado para ver muita coisa. De tal forma que, quando vi três suportes de metal (formando um tripé) surgiram debaixo, quando este estava já a poucos metros do solo – perdi completamente o pouco controle que me restava. Aquelas pernas de metal eram evidentemente para escorar o peso do aparelho quando ele tocasse o chão em seu pouso. Não cheguei a ver isto acontecer porque pus o trator em movimento (o motor estava trabalhando o tempo todo) e movi-o para um lado, tentando abrir caminho para fugir. Mas não havia chegado a andar poucos metros quando o motor “morreu” de repente e, ao mesmo tempo, as luzes dos faróis se apagarem sozinhas. Não consigo explicar como aquilo aconteceu pois a chave do motor estava ligada e os faróis continuavam também ligados. Quis fazer funcionar de novo o motor, mas o motor de arranco estava isolado e não deu sinal de vida. Abri então a porta do trator, do lado oposto àquele onde se encontrava o aparelho, e saltei para o chão, começando a correr. Mas parece que perdi um precioso tempo tentando movimentar o trator, pois não dera mais do que alguns passos quando meu braço foi agarrado por alguém.

O meu perseguidor era um homem baixo (batia no meu ombro), vestido de uma roupa estranha. No meu desespero, girei o corpo com violência e dei-lhe um forte empurrão que o desequilibrou. Foi obrigado então a me largar e a cair para trás com o impulso, perdendo o equilíbrio e indo ao chão onde caiu de costas, a uns dois metros de distância. Procurei aproveitar a vantagem obtida, para continuar a fuga, mas fui atacado ao mesmo tempo por outros indivíduos, pelos lados e pelas costas. Agarraram-se pelos braços e pernas e me levantaram do chão, o que me tirou qualquer possibilidade de defesa. Podia apenas me debater e retorcer o corpo, mas a pegada deles era firme e não me largaram. Comecei a gritar por socorro e em altos brados a xinga-los, e a exigir que me soltassem. Notei, à medida que me arrastavam para o aparelho, que a minha falação os deixava como que surpreendidos ou curiosos pois paravam de caminhar e olhavam para o meu rosto com atenção toda a vez que eu falava – embora sem afrouxar a firmeza com que me seguravam. Isso me acalmou um pouco em relação às suas intenções, mas nem por isso deixei de lutar. Dessa maneira me transportaram até junto do aparelho, pousado a uns dois metros do solo, sobre as três escoras metálicas de que já falei. Havia uma porta aberta na metade traseira do mesmo. 
Essa porta se abria de cima para baixo, formando como que uma ponte de cuja ponta estava presa uma escada metálica, feita do mesmo metal prateado que havia nas paredes do aparelho. Essa escada se havia desenrolado até o chão. 

Fui içado por ali, tarefa que não foi fácil para eles. A escada era estreita, mal dando espaço para duas pessoas, uma do lado da outra. Além disso, era móvel e flexível, oscilando de um lado para outro com os meus esforços para me libertar. Havia também um corrimão de metal roliço de cada lado, da grossura de um cabo de vassoura talvez, para ajudar a subida; a ele me aferrei várias vezes procurando impedir que me levassem – obrigando-os a parar para soltar minhas mãos. Esse corrimão era também flexível (tive a impressão mas tarde, ao descer, de que não era inteiriço, mas sim formado de pequenas peças de metal, articuladas umas dentro das outras).

Uma vez dentro do aparelho, vi que havíamos entrado numa pequena saleta quadrada, cujas paredes de metal polido brilhavam com reflexos à luz fluorescente que vinha do teto, emitida por numerosas lâmpadas pequenas, de forma quadrada, embutidas no metal desse teto e dispostas por toda a volta do mesmo, por fora junto às paredes. Não pude contar quantas eram pois logo me puseram de pé no chão – assim que a porta externa subiu, trazendo na ponta a escada enrolada e presa, e se fechou. A iluminação era tão boa que parecia de dia. Mesmo nessa luz branca fluorescente não se distinguia mais onde era a porta de fora, que ao se fechar parecia ter se transformado em parede. Eu só sabia onde ela estava por causa da escada de metal presa na parede. Não pude observar mais detalhes porque um dos homens – eram cinco ao todo – me fez sinal com a mão para que caminhasse na direção de uma outra sala que se entrevia por uma porta aberta do lado oposto à porta de fora. Não sei se essa segunda porta já estava aberta quando entrei, pois só então olhei naquela direção. Resolvi obedecer, pois continuavam me segurando e agora eu estava fechado lá dentro, com eles, e não tinha outra escolha.

Deixamos a saleta, na qual não vi nenhum móvel ou aparelho, e entramos numa sala ampla, bem maior e de formato meio oval, iluminada conforme o ouro compartimento e com as mesmas paredes de metal prateado e polido. Acho que essa sala era no centro do aparelho porque no meio dela havia uma coluna de metal que ia do teto até o chão, larga encima e em baixo, e afinando bastante para o meio. Era roliça e parecia maciça; acho que não estava ali só para enfeitar; devia servir para escorar o peso do teto. Os únicos móveis que pude observar foram uma mesa deforma esquisita, que estava num dos cantos da sala, rodeada de várias cadeiras giratórias sem encosto (semelhantes aos bancos que se usam em bares). Era tudo do mesmo metal branco. Tanto a mesa como os bancos afinavam para baixo num pé único que era preso ao chão (no caso da mesa), ou articulado a um anel móvel preso por três suportes que saíam para cada lado e se embutiam no chão (no caso dos bancos, permitindo assim que as pessoas neles sentadas virassem para qualquer lado).

Durante intermináveis minutos, permaneci de pé, sempre seguro pelos braços por dois homens enquanto aquele povo estranho me observava e conversava a meu respeito. Digo conversar, apenas na maneira de dizer, pois na verdade o que eu ouvia não tinha nenhuma semelhança com uma conversa de gente: eram ganidos, ligeiramente semelhantes aos uivos de um cão. Essa semelhança era muito pequena, mas é a única que posso dar para tentar descrever aqueles sons – diferentes de tudo o que já ouvi até hoje. Eram ganidos lentos, nem muito finos nem muito roucos, uns mais longos, outros mais curtos, às vezes com vários sons diferentes ao mesmo tempo, outras com um tremido no fim. Mas eram somente sons, ganidos de animais, não se distinguindo nada que pudesse ser tomado como o som de uma sílaba ou de uma palavra em língua estrangeira. Nada disso. Para mim era tudo igual e por isso não pude guardar nenhum nome. 

Não posso explicar como é que aquela gente não podia se entender daquele jeito. Ainda fico arrepiado quando penso naqueles sons. Não posso reproduzir para os senhores: só ouvindo…. A minha voz não dá para isto.
Quando aqueles ganidos terminaram, parece que tinham resolvido tudo, pois me agarram de novo – os cinco – e começaram a tirar minha roupa, à força. Entramos em luta novamente, eu resistindo e procurando dificultar ao máximo o que eles faziam. Protestava e xingava também em altos brados. Eles evidentemente não entendiam, mas paravam e olhavam para mim, como se quisessem mostrar que eram educados. Por outro lado, embora usando força, em nenhum momento me machucaram seriamente e nem sequer rasgaram a minha roupa, a não ser talvez a camisa (que já estava rasgada antes, razão pela qual não posso ter certeza).

Fiquei inteiramente despido, já de novo angustiado e sem saber o que me ia acontecer. Um dos homens estão se aproximou, tendo à mão uma coisa que parecia uma espécie de esponja molhada e, com ela começou a me passar um liquido na pele. Não devia ser esponja dessas de borracha comum, porque era muito mais macia. O líquido era claro como água mas bem grosso e sem cheiro; pensei que fosse algum óleo, mas estava enganado, pois a pele não ficou engordurada nem oleosa. Passaram-me esse líquido pelo corpo todo. Eu estava com frio, porque a temperatura da noite lá fora já baixa, sendo nitidamente mais baixa dentro das duas salas do aparelho; quando me tiraram a roupa comecei a tiritar e agora ainda batia esse líquido para piorar a situação. Mas parece que o mesmo secou depressa e no fim não senti muita diferença.

Fui então conduzido por três daqueles homens na direção de uma porta que havia do lado oposto aquela por onde entráramos, que estava fechada. Fazendo-me sinais com as mãos, para que os acompanhasse, e ganindo um para outro de vez em quando, foram eles naquela direção – e eu no meio. O que ia na frente empurrou qualquer coisa no meio da porta (não pude ver o que era; talvez uma argola ou um botão) que se abriu para dentro, em duas metades, como uma porta de bar. Essa porta, quando fechada, ia do teto até o chão e trazia na parte de cima uma espécie de letreiro (ou coisa parecida) luminoso, traçado em sinais vermelha que, por efeito da luz, pareciam fazer saliência a uns dois dedos para fora do metal da porta. Essa escrita foi a única coisa do tipo, que vi dentro do aparelho. Eram rabiscos completamente diversos das letras que conhecemos. Procurei guardar de memória a sua forma e foram aqueles que desenhei na carta que mandei para o Sr. Martins. Atualmente já esqueci como é que eles eram.
Mas voltando aos acontecimentos: a tal porta dava entrada para um saleta menor, meio quadrada, iluminada como as outras. Depois que entramos (eu e dois dos homens) a porta se fechou atrás de nós. Olhei então para trás e vi uma coisa que não sei explicar: não havia mais porta nenhuma; apenas se via uma parede igual às outras. Não sei como é que se fazia aquilo. Só se com a porta fechada descia algum anteparo que a escondia da gente. Não pude compreender. O certo é que logo depois a parede se abriu e era porta de novo; não vi nenhum anteparo. Desta vez entraram mais dois homens trazendo nas mãos dois tubos de borracha vermelha, bem grossos, com mais de um metro de comprimento cada um. Se havia alguma coisa dentro deles, não posso dizer, mas sei que eram ocos. Um desses tubos foi adaptado numa das pontas de um frasco de vidro em forma de cálice. A outra ponta tinha um biquinho, em forma de ventosa, que foi aplicado na pele do meu queixo, aqui onde os senhores estão vendo esta mancha escura que ficou como cicatriz. Antes disso, porém, a homem que executou a manobra espremeu o tubo com as mãos, como se tivesse posto o ar para fora. Não senti nenhuma dor ou picada na hora; apenas a sensação de que minha pele estava sendo sugada ou aspirada. Mas depois o lugar ficou ardendo e coçando (e mais tarde verifiquei que a pele tinha ficado ferida, esfolada). Aplicada a borracha, vi meu sangue entrar pouco a pouco dentro do cálice – enchendo-o até a metade. Aí a coisa parou e o tubo foi retirado e substituído pelo outro lado onde os senhores podem ver outra mancha escura igual à outra. Dessa vez o cálice encheu até encima e a ventosa foi então retirada. A pele também ficou esfolada no lugar, ardendo e coçando como no outro lado. Fui então deixado sozinho; os homens saíram e a porta se fechou sobre eles.

Fiquei largado ali durante um tempo enorme, talvez mais de meia hora. A sala era vazia, contendo no centro um largo divã como que um leito, mas sem encosto e sem beirada, e um tanto incômodo para alguém deitar, por ser muito alto no meio, onde existia um verdadeiro cocuruto. Mas era macio, como se fosse feito de borracha esponjosa, sendo recoberto por um tecido grosso de cor cinzenta e também macio. Sentei-me ali pois sentia-me cansado depois de tanta luta e tantas emoções. Foi então que senti um cheiro estranho e comecei a ficar enjoado. Era como se estivesse respirando uma fumaça grossa que abafasse a minha respiração, dando a impressão de um cheiro de pano pintado que estivesse sendo queimado. E estava mesmo, porque examinando as paredes notei pela primeira vez a existência de uma porção de tubinhos metálicos que faziam saliência à altura de minha cabeça, fechados mas cheios de furinhos (como os de chuveiro) por onde saia uma fumacinha cinzenta que se dissolvia no ar. Essa fumaça era a causa daquele cheiro. Não sei se já estava saindo na hora em que os homens me tiraram o sangue, pois não reparei. Talvez com a porta abrindo e fechando o ar tivesse circulado melhor, não dando para que eu notasse. Mas agora, de qualquer forma, não me sentia vem e o enjoo aumentou tanto que acabei vomitando muito. Depois disso, passou a dificuldade de respirar, mas continuei um pouco enjoado com o cheiro daquela fumacinha. Fiquei muito desanimado depois disso, esperando que acontecesse alguma coisa.

É preciso que eu diga que até aquele momento não fazia a menor ideia sobre o aspecto físico e as feições daqueles homens estranhos. Todos os 5 estavam bem vestidos com um macacão bem justo, feito de pano grosso, porém macio, de cor cinzenta com listrinhas pretas aqui e ali. Essa roupa ia até o pescoço onde se unia com uma espécie de capacete feito de um material da mesma cor (não sei o que era) que parecia mais duro e era reforçado atrás e na frente por lâminas de metal fino, uma delas triangular, à altura do nariz. Esse tal capacete escondia tudo, deixando ver apenas os olhos daquelas pessoas – por trás de dois vidros circulares, parecidos com as lentes que se usam em óculos. Através desses vidros os homens me olhavam; os olhos deles me pareciam bem menores do que os nossos – mas acho que isso era um efeito dos vidros. Todos tinham olhos claros, que me pareceram azuis, mas não posso garantir. Acima dos olhos, os referidos capacetes tinham uma altura que devia corresponder ao dobro da largura de uma testa normal. É provável que houvesse mais alguma coisa por dentro dos mesmos, por cima das cabeças, mas por fora não se via nada. Mais acima, do meio da cabeça, saíam três tubos circulares e prateados (não posso dizer se eram de borracha ou metálicos), um pouco mais finos do que uma mangueira de jardim. Esses tubos, um no centro e mais um de cada lado, eram lisos e se dirigiam para trás e para baixo, curvando-se na direção das costas. Lá eles penetravam na roupa, aonde se embutiam de maneira que não sei explicar, um no meio – na altura da coluna vertebral; os outros dois, um para cada lado, se fixavam abaixo dos ombros a uns quatro dedos por baixo das axilas – quase do lado, no limite com as costas. Mão notei nada, nenhuma saliência ou volume que indicasse estarem esses tubos presos a alguma caixa ou aparelho escondido por baixo da roupa.

As mangas do macacão eram compridas e justas indo até os punhos onde se continuavam por luvas grossas, da mesma cor, com cinco dedos, que deviam atrapalhar um pouco o movimento das mãos; observei, a esse respeito, que os homens não conseguiam dobrar completamente os dedos de modo a tocar a palma com as pontas. Essa dificuldade não os impediu, entretanto, de me agarrarem com firmeza, nem de manipularem com habilidade as borrachas para extrair meu sangue. A roupa devia ser uma espécie de uniforme, porque todos os tripulantes do aparelho traziam à altura do peito uma espécie de escudo vermelho do tamanho de uma rodela de abacaxi, que de vez em quando apresentava reflexos luminosos; não era luz própria mas reflexos semelhantes aos de um vidro vermelho desses que ficam por cima dos faróis traseiros dos automóveis, que refletem a luz do farol de um outro carro, como se tivessem também uma luz. Desse escudo no centro do peito partia uma tira de tecido prateado (ou metal laminado) que se unia a um cinto largo e justo, sem fivela ou presilha, de cuja cor não me recordo. Não havia nenhum bolso visível nem nenhum dos macacões; não vi também botões. As calças eram também justas nas cadeiras, coxas e pernas – não se vendo nenhuma dobra ou folga de tecido. Não havia separação nítida no tornozelo entre a calça e os sapatos, que se continuavam um pelo outro, fazendo parte do mesmo conjunto.

As solas, nos pés, apresentavam, entretanto, um detalhe diferente: eram muito grossas, com dois ou três dedos de largura e bem viradas (ou arqueadas para cima) na frente, de modo que a ponta dos sapatos, que tinham o aspecto de sapatos de tênis, eram bem arqueadas para o alto – mas sem afinar em ponta como sapatos dos livros de histórias de antigamente. Pelo que vi depois, esses sapatos deveriam ser bem maiores dos pés que os calçavam. Apesar disso, o andar daqueles homens era bem desembaraçado e eles eram bem ligeiros nos seus movimentos. Aquele macacão todo fechado, contudo, talvez atrapalhasse um pouco, pois os homens andavam sempre um pouco empinados. Todos eles eram da minha altura (talvez um pouco mais baixos, por causa do capacete), com exceção de um só – o tal que me agarrara primeiro lá fora –; esse não chegava a altura do meu queixo. Todos pareciam robustos, mas não o bastante para que eu tivesse medo de apanhar se lutasse com um de cada vez. Acho que em campo aberto poderia enfrentar qualquer um deles de igual para igual.
Mas isso não vinha ao caso na situação em que eu me encontrava…
Depois de um intervalo enorme, um ruído na porta me fez levantar sobressaltado. Voltei-me naquela direção e tive uma surpresa enorme. A porta estava aberta e uma mulher vinha entrando, caminhando em minha direção. Ela vinha devagar, sem pressa nenhuma, talvez se divertindo com a surpresa que devia estar estampada no meu rosto. Eu estava boquiaberto e não era para menos. A tal mulher estava despida, tanto como eu, e descalça. Além disso, era bonita, embora de um tipo diferente dos que eu conhecia. Tinha cabelos de um loiro quase branco (como esses que são oxigenados), lisos não muito abundantes, compridos até o meio do pescoço e com as pontas encaracoladas para dentro; estavam repartidos no meio da cabeça. Os olhos eram azuis e grandes, mas compridos do que circulares, por serem rasgados para fora (conforme esses olhos pintados com lápis, dessas moças que se fantasiam de princesa árabe, que ficam parecendo rasgados; era assim, com a diferença de que aqui a coisa era natural, pois não havia pintura nenhuma). O nariz era reto, sem ser pontudo, nem arrebitado, nem grande demais. O contorno do rosto é que era diferente porque as maças eram muito salientes, chegando a alargar bem a face (muito mais do que nas índias); mas logo abaixo o rosto se afinava muito terminando num queixo pontudo; esse aspecto dava à metade inferior do seu rosto uma forma bem triangular. Os lábios eram muito finos; quase não se viam; as orelhas (que vi depois) eram pequenas e não pareciam diferentes das que eu conheço. As tais maças salientes davam a impressão de que havia um osso protuberante por baixo; mas como vi depois, eram macias e carnudas ao toque, não dando a impressão de osso. O corpo era muito mais bonito do que qualquer outra mulher que eu já conheci: magro, com seios empinados e bem separados, com cintura fina e barriga pequena, com quadris mais desenvolvidos e coxas grossas. Os pés eram pequenos; as mãos eram compridas e finas; os dedos e as unhas eram normais. Ele era bem mais baixa do que eu, batendo a sua cabeça no meu ombro.

Essa mulher se aproximou em silêncio, olhando-me com uma expressão de quem desejava alguma coisa, e me abraçou de repente, começando a esfregar a cabeça no meu rosto, de um lado para o outro. Ao mesmo tempo senti o seu corpo todo colado ao meu, fazendo também movimentos. A sua pele era banca (conforme as louras daqui) e cheia de sardas nos braços. Não senti nenhum perfume nessa pele, nem nos cabelos – a não ser o cheiro de mulher.
A porta se havia fechado de novo. Sozinho ali com aquela mulher me abraçando e dando a entender claramente o que queria, comecei a ficar excitado… Isso parece incrível, na situação em que eu me encontrava. Penso que o tal líquido que me esfregaram na pele foi a causa disso; eles devem ter feito de propósito. Só sei que fiquei numa excitação incontrolável, coisa que nunca me acontecera antes. Acabei esquecendo tudo e agarrei-a, correspondendo aos seus carinhos com outros maiores. Fomos terminar no divã, onde tivemos relações pela primeira vez. Foi um ato normal e ela se comportou como qualquer mulher. Depois houve um período de carícias comuns, seguido de nova relação. No fim ela estava cansada e respirando depressa. Eu continuava animado, mas ela agora negaceava, procurando fugir, me evitar, acabar com aquilo… Quando notei isso, desanimei também. Era isso o que queriam comigo; um bom reprodutor para melhorar a raça deles. Tudo aquilo no fim não era mais nada do que isso. 

Fiquei com raiva, mas logo resolvi não dar importância. De uma maneira ou outra, tinha passado momentos agradáveis. É claro que eu não quereria aquela mulher em troca por uma das nossas. Gosto de uma com quem a gente possa falar, conversar e se entender – que não era o caso. Além disso, certos ganidos que ouvi da sua boca, em alguns momentos, quase que estragavam tudo, dando a desagradável impressão de que eu estava com um animal.
Uma coisa que observei foi que ela não me beijou nenhuma vez. Certo momento, lembro que abriu a boca como se fosse fazê-lo, mas a coisa terminou numa dentada leve no meu queixo, mostrando que não era beijo.
Outra coisa que notei, foi que, excetuando a cabeleira, todos os seus demais pelos eram bem vermelhos, quase cor de sangue.

Pouco depois de nos termos separado, a porta se abriu. Apareceu um dos homens na soleira e chamou a mulher. Ela saiu então. Mas antes de sair voltou-se para mim, apontou para a barriga, em seguida para mim, com um sorriso no rosto ou algo semelhante, e apontou finalmente para o céu – na direção do sul, penso eu. E foi embora… Interpretei esse sinal como um aviso de que ela voltaria para me levar com ela para as paragens onde vivia. Por causa disso, estou com medo até hoje. Se eles voltarem para me apanhar de novo estou perdido. Não quero me separar dos meus e da minha terra, de modo nenhum.
A seguir entrou o homem, trazendo a minha roupa no braço. Fez sinal para que eu me vestisse, o que obedeci em silêncio. Minhas coisas estavam todas nos bolsos; só estava faltando o isqueiro (marca “Homero”). Não sei se foi tirado por eles sou se eu o perdi durante a luta em que fui capturado. Por isso, nem tentei reclamar.

Em seguida saímos voltando para a outra sala. Três dos tripulantes do aparelho estavam sentados nas tais cadeiras giratórias, conversando (ou melhor, ganindo) entre si. Aquele que estava comigo foi se juntar a eles, largando-me no meio da sala, perto da mesa de que já falei antes. Eu estava agora inteiramente calmo, pois sabia que não me fariam nenhum mal. Procurei passar o tempo, enquanto eles decidiam suas coisas, tentando observar e guardar todos os detalhes do que eu via (paredes, móveis, uniformes, etc.). Em dado momento, notei que encima da mesa, perto dos homens, estava uma caixa quadrada tendo uma tampa de vidro que protegia um mostrador como o de um relógio despertador. Havia um ponteiro lá dentro, e uma certa marca preta no lugar que correspondia às 6 horas; marcas iguais existiam nos pontos correspondentes às 9 horas e 3 horas; no lugar do meio-dia, era diferente: havia 4 marquinhas pretas, uma do lado da outra. Não sei explicar o seu significado – estavam lá assim. No princípio, pensei que o aparelho fosse uma espécie de relógio porque, de vez em quando, um dos homens olhava para ele. Mas penso que não era, pois fiquei de olho bastante tempo e, nenhum momento vi o ponteiro se mexer. Se fosse relógio isso tinha que acontecer, porque o tempo estava passando.

Tive então a ideia de pegar aquilo para mim. Lembrei-me de que precisava de levar alguma coisa para poder provar a minha aventura. Se pegasse aquela caixa o problema estaria resolvido. Podia ser que, vendo o meu interesse, os homens resolvessem dá-lo de presente. Aproximei-me devagar; eles estavam distraídos; de repente segurei o tal instrumento nas mãos, tirando-o da mesa. Era pesado; talvez tivesse mais de 2 kg… Mas não tive tempo nem de examina-lo, Um dos homens se levantou mais ligeiro do que um pé de vento e me arrancou o mesmo das mãos, com raiva, empurrando-me para o lado, e voltando a colocá-lo no mesmo lugar. Afastei-me então, até sentir as costas tocarem na parede mais próxima. Fiquei ali quieto, embora não tivesse medo. Não tenho medo de homem. Mas era melhor fica quieto, porque estava provado que eles só me respeitavam quando eu me comportava. Para que tentar alguma coisa que não teria resultado? A única coisa que fiz foi arranhar a parede com as unhas, procurando ver se arrancava uma lasquinha daquele metal. Mas a unha escorregava na parede polida, sem encontrar ponto de apoio. Além disso, o metal era duro e não consegui nada. Fiquei então esperando.
Não vi mais a mulher, depois que ela saiu da outra sala. Mas acho que descobri onde ela estava. Na parte da frente daquela sala ampla havia uma outra porta através da qual eu não passara. Estava agora ligeiramente entreaberta e, de vez em quando, eu ouvia ruídos vindos de lá, como que produzidos por uma pessoa se movimentando. Só podia ser a mulher, pois os outros estavam todos na mesma sala que eu, dentro dos seus uniformes e capacetes esquisitos. Imagino que aquele compartimento dianteiro devia corresponder à sala onde ficaria o piloto que dirigia o voo do aparelho. Mas não pude verificar.
Finalmente, um daqueles homens se levantou e me fez sinal para que o acompanhasse. Os outros continuaram sentados, sem olhar para mim. 

Caminhamos na direção da saleta de entrada e fomos até a porta de entrada, que estava aberta de novo, com a escada já desenrolada. Não descemos, entretanto, pois o homem fez sinal para que o acompanhasse na direção da plataforma que existia dos dois lados da porta. Essa plataforma rodeava o aparelho e, embora estreita, permitia que se caminhasse sobre o mesmo, para os dois lados. Fomos primeiro para a frente. Notei então uma espécie de protuberância metálica, de forma quadrada, que se projetava para fora, para o lado (havia uma coisa igual do lado oposto), bem encaixada no corpo do aparelho. Se essas peças não fossem tão pequenas, julgaria que eram asas para ajudar no voo. Pelo seu aspecto, penso que talvez servissem para se mover para cima ou para baixo, orientando a subida ou descida. Confesso, contudo, que em nenhum momento, mesmo quando o aparelho levantou voo, notei qualquer movimento. Não sei portanto explicar para que serviam.
Mais à frente o homem apontou mostrando as três hastes de metal de que já falei, solidamente encravadas nos lados (as duas laterais) e no bico dianteiro do aparelho (a do meio), como se fossem três esporões metálicos. Eram semelhantes na forma e no comprimento, bem grossas na base e afinadas nas pontas. A posição de cada uma era horizontal. Não sei se eram do mesmo metal do aparelho, porque delas saiam uma ligeira fosforescência avermelhada, como se estivessem em brasa. Não senti, contudo, nenhum calor… Na base de implantação de cada uma, um pouco mais acima, estavam embutidas lâmpadas avermelhadas. As laterais eram menores e redondas; e da frente era enorme, também redonda, correspondendo ao farol dianteiro do aparelho que já descrevi. Inúmeras lâmpadas quadradas, pequenas e semelhantes, no aspecto, às que eram usadas na iluminação interna, contornavam o bojo do aparelho, pouco acima da plataforma sobre a qual lançavam uma luz arroxeada. Na frente, a plataforma não dava a volta completa, acabando junto de um vidro largo e grosso, meio saliente e alongado para os lados, fortemente embutido no metal. Talvez servisse para se olhar para fora, já que não havia janelas em parte alguma. Acho, entretanto, que isso seria difícil pois esse vidro, olhando de fora, parecia muito embaçado. Olhando de dentro não sei como seria, mas não creio que pudesse ser mais transparente.

Penso que tais esporões dianteiros soltavam a energia que puxava o aparelho para frente, porque quando este levantou voo, a luminosidade dos esporões aumentou de brilho extraordinariamente, confundindo-o completamente com a luz dos faróis.
Vista a parte da frente do aparelho, voltamos para trás (a parte de traz era mais bojuda que a da frente). Mas antes paramos por alguns momentos e o homem apontou para cima, para onde giravam a enorme cúpula em forma de prato. Girava devagar, toda iluminada por uma luz fluorescente esverdeada que não sei de onde saía. Mesmo com aquele movimento lento, ouvia-se um ruído como o de ar aspirado por um aspirador de pó; uma espécie de silvo (como o do ar ao se deslocar aspirado por inúmeros buraquinhos; não vi nenhum buraco; é só para comparação). Mais tarde, quando o aparelho começou a levantar do chão, aquele prato giratório iria aumentar tanto a sua velocidade a ponto de se tornar invisível, ficando-se a ver só a luz, cujo brilho também iria aumentar bastante e que mudaria também de cor – passando para o vermelho vivo. Nesse momento, o som também aumentaria (mostrando ter relação com a velocidade de rotação do prato redondo que girava no topo do aparelho) transformando-se num verdadeiro zumbido ou chiado forte. Não entendi a razão daquelas mudanças, nem compreendo para que serviria esse prato giratório luminoso, que em nenhum momento cessou de rodar. Mas devia ter alguma utilidade, pois estava lá.

Uma pequena luz avermelhada parecia existir no centro daquela cúpula ou prato giratório. O movimento me impediu de verificar com certeza.
Passando para a traseira do aparelho, cruzamos de novo a porta e fomos caminhando, acompanhando a curva posterior do mesmo. Bem atrás, no lugar de onde, por comparação, sairia a cauda de um avião, havia uma peça de metal, retangular, colocada em posição vertical, de frente para a traseira, cruzando a plataforma. Mas era baixinha, não passando da altura do meu joelho. Pude facilmente passar por cima dela para ir até o outro lado, e para voltar. Durante essas manobras notei no chão, de um lado e do outro da mesma, suas luzes embutidas e de cor avermelhada, com a forma de dois traços grossos e oblíquos para fora. Pareciam com as luzes dos aviões, embora não piscassem. Por outro lado, acho que a tal peça de metal era uma espécie de leme para mudar a direção do aparelho. Pelo menos vi essa peça virar para o lado, justamente na hora em que o aparelho, já parado no ar a uma certa altura, depois de levantar do chão, virou bruscamente de direção – antes de começar a se mover a uma velocidade fantástica.

Depois de também vista a parte de trás do aparelho, voltamos até a porta. O meu guia apontou para a escada e me fez sinal para que eu descesse. Obedeci. Quando pisei o chão olhei para cima. Ele ainda estava lá. Apontou então para ele mesmo, em seguida para a terra, para logo depois apontar para o céu, na direção do sul. A escada de metal começou a encolher, os degraus se arrumando uns em cima dos outros, como uma pilha de taboas. Quando chegou lá encima, a porta (que quando aberta era chão) começou, por sua vez, a subir até se encaixar na parede do aparelho – ficando invisível. As luzes dos esporões metálicos, dos faróis e do prato giratório ficaram mais fortes – enquanto este último rodava cada vez mais depressa. O aparelho começou a subir lentamente na vertical. Nesse momento, as três hastes do tripé onde o mesmo estava pousado subiram para os lados, sendo que a peça inferior de cada uma (mais fina, roliça e terminando num pé alargado) começou a entrar na peça de cima (bem mais grossa e quadrada); quando isso acabou, a peça de cima começou a entrar para o fundo do aparelho. No fim não se via mais nada, o fundo se apresentava liso e polido como se aquele tripé nunca tivesse existido. Não consegui descobrir qualquer marca indicando o lugar onde as hastes se tinham encaixado. Aquela gente trabalhava bem.

O aparelho continuou a se elevar lentamente no espaço até atingir uma altura de uns 30 a 50 metros. Aí ele parou por uns instantes, e ao mesmo tempo sua luminosidade se tornava ainda mais forte. Aquele zumbido de ar se deslocando ficou muito mais intenso e o prato giratório passou a rodar numa velocidade espantosa, enquanto a luz mudava por várias cores até ficar de um vermelho vivo. Nesse momento o aparelho mudou de repente de direção, num movimento brusco, fazendo um ruído estrepitoso (foi nessa ocasião que vi a peça, que chamei de leme, virar de lado). A seguir, inclinando-se ligeiramente para um lado, aquela aeronave estranha partiu como uma bala na direção do sul – a uma velocidade tão grande que sumiu em poucos segundos.
Voltei então para o meu trator. Deixei o aparelho mais ou menos às 5:30 hs da manhã. Calculo que tenha entrado no mesmo à 1:15 hs da madrugada. Fiquei lá dentro, portanto, durante quatro horas e quinze minutos. Muito tempo mesmo.
Quando quis ligar o motor do trator, notei que continuava enguiçado. Fui ver se havia algum defeito e descobri que um dos cabos da bateria tinha sido desparafusado e estava fora do lugar. Aquilo fora trabalho de alguém, pois um cabo de bateria bem preso (havia feito uma revisão quando saí de casa), não se solta sozinho. Deve ter sido feito por um dos meus captores, depois que o trator parou com o motor isolado, provavelmente na ocasião em que me pegaram. Pode ter sido para impedir que eu escapasse de novo, caso conseguisse fugir das mãos que me seguravam. Aquele pessoal era muito “águia” não havia nada que eles não tivessem previsto.

Não contei o meu caso até agora para ninguém, com exceção de minha mãe. Ela me disse que eu não devia me meter mais com aquela gente. Não tive coragem de contar ao meu pai porque já havia lhe contado a história da luz que apareceu no curral – e ele não acreditou, pois disse que “eu estava vendo coisa…”. Resolvi, mais tarde, escrever para o Sr. João Martins, depois de ter lido um dos seus artigos na revista “O Cruzeiro”, em novembro, e no qual ele fazia um apelo aos leitores para que comunicassem todos os casos relacionados com os discos voadores. Se tivesse dinheiro suficiente, teria vindo há mais tempo. Mas como não possuía, tive que esperar até que ele dissesse que me ajudaria nas despesas da viagem.

Estou aqui à disposição dos senhores. Se acharem que devo retornar à minha casa, irei amanhã mesmo. Se quiserem, porém, que eu fique mais tempo, estarei de acordo. Vim aqui para isto.

Rondinelli: Um dos maiores casos da ufologia!

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

CHUVA DE METEOROS TERÁ MELHOR OBSERVAÇÃO EM OITO ANOS NESTA QUARTA (12)

Observadores do espaço apostam em um belo espetáculo quando uma das mais famosas chuvas anuais de meteoros atingir seu ápice nesta quarta-feira (12).

Pela primeira vez desde 2007, a chuva das Perseidas irá coincidir com a ausência de luar – o que favorece as condições de observação.

A expectativa é uma taxa de 100 meteoros por hora no pico da chuva.
As Perseidas são pedaços do cometa Swift-Tuttle; todo ano, em agosto, a Terra cruza a órbita do cometa e a nuvem de detritos deixada pelo astro.

Essas partículas de gelo e poeira (que vão do tamanho de um grão de areia ao de uma ervilha) entram na nossa atmosfera a cerca de 60 km por segundo.
Nesse caminho, elas esquentam o ar ao redor, causando o feixe de luz característico que pode ser visto da superfície.

Desde o solo, os meteoros parecem partir de um único ponto, chamado radiante. No caso das Perseidas, esse ponto fica na constelação de Perseu, daí o nome.
A chuva de meteoros pode ser vista todo ano de 17 de julho a 24 de agosto, aproximadamente.

As melhores oportunidades de visualização ocorrem no hemisfério Norte, mas as estrelas cadentes também podem ser vistas no hemisfério Sul – no Brasil, as regiões mais ao norte possuem melhores condições de observação.
Para a maioria das pessoas, a visualização a olho nu é a melhor opção. Observadores de meteoros aconselham buscar um local escuro, longe de luzes artificiais, e uma vista desobstruída do céu.
Aconselha-se ainda o uso de cadeiras reclináveis e cobertores para observar o céu em conforto.