Do chão, nada se vê. Mas sobrevoando o deserto Peruano
é possível enxergar com clareza enormes desenhos que se estendem por
quilômetros.
Macacos, baleias assassinas, condores, pelicanos,
flores, árvores e formas geométricas: são os mais de 1.500 Geoglífos que formam
as famosas linhas de NAZCA.
Desenhadas por uma civilização que habitou a região
entre 200 ac e 600 dc, elas foram preservadas pelo clima árido e acabou
declarado patrimônio da humanidade pela UNESCO em 1994,
No entanto, muitos mistérios ainda rondam esses
desenhos – e cientistas e leigos de todo o mundo elaboraram diferentes teorias.
Seriam caminhos sagrados ou serviam como calendários? Talvez tivessem
finalidades astronômicas ou agrícolas, indicando a existência de canais
subterrâneos. Seriam elas uma oferenda aos deuses ou pistas de pouso para naves
extraterrestres?
Foi em busca de respostas que a dra. Christina
Conlee, Arqueóloga da Universidade Estadual do Texas, partiu em 2002 rumo a La
Tiza, local de escavação da cultura NAZCA. O objetivo era ir além das linhas e
compreender a cultura do povo para inserir os Geoglífos em um contexto social.
Além das surpreendentes imagens feitas com a ajuda de helicópteros, a equipe
fez descobertas reveladoras.
Durante as escavações, foi encontrado algo inédito:
o esqueleto de um jovem enterrado com sinais evidentes de decapitação. Embora a
decapitação seja um símbolo comum nos jarros NAZCA, nunca um corpo havia sido
achado. O que ele significa? Teria alguma relação com as linhas?
O trabalho da equipe de 16 cientistas foi
acompanhado pelo canal Natgeo, que exibe neste domingo (14), às 22h, um
documentário sobre as descobertas chamado “desvendando as linhas de NAZCA”.
Veja abaixo uma entrevista com a dra. Conlee,
na qual ela fala um pouco sobre o que é revelado na gravação.
O que é este corpo decapitado?
Esse corpo foi achado em 2004. Ele está sem cabeça
e foi uma grande surpresa e rendeu patrocínio da National para continuar a
pesquisa. Na cultura NAZCA, achamos centenas de cabeças troféus, cabeças
mumificadas, mas essa foi a primeira vez que encontramos um corpo.
Qual a importância dele?
- este homem ajuda a esclarecer um debate antigo
sobre as cabeças troféus, se eram tiradas na guerra ou eram para sacrifícios.
Com a descoberta, agora sabemos que eram troféus, oferendas aos deuses. Há uma
linha de NAZCA de uma baleia com uma cabeça na boca. Mas não sabemos exatamente
como elas se ligam.
O que significam as linhas?
Há diferentes linhas: imagens de animais, formas
geométricas. Sempre acreditei que elas estavam relacionada às rituais de alguma
forma, mas o que ficou claro é que elas têm a ver com a água. Achamos que os
animais estão relacionados de alguma forma à fertilidade e à água, e as linhas
eram grandes templos a céu aberto. Não achamos que sejam, por exemplo, parte de
um calendário.
Porque a certeza de serem templos?
Em muitas linhas, especialmente nos trapézios, há
pequenas plataformas, e há comida nas linhas, potes quebrados. Estamos
estudando a cultura para compreender os significados de tudo isso, juntando
peças desse grande quebra-cabeças.
Quantas pessoas foram necessárias para construir as linhas e quanto
tempo levou?
Não sabemos quanto tempo levou para fazer todas.
Algumas são pequenas, e um grupo de 20 pessoas poderia ter feito em um dia.
Outras demandaram mais de 100 pessoas e até semanas.
O que a sra tem a dizer sobre as especulações de ovni´s relacionados às
linhas?
esta é a
primeira pergunta que as pessoas fazem. Não há evidencia de ovni´s. Há
evidência clara de que os NAZCA fizeram essa linha.
muitas pessoas ficam impressionadas com a precisão dos desenhos. Como é
possível formas assim, tão perfeitas?
O importante é ressaltar que foram realmente
pessoas que as desenharam. Usando gravetos com linhas e barbantes amarrados,
elas conseguiam antes criar esboços para fazer os animais e linhas. Além disso,
as linhas, apesar de melhores vistas do céu, são visíveis de morros em toda a
região.
O que falta descobrir?
Bem, sabemos que eram realizados sacrifícios, mas
não sabemos onde eram feitos, se nas linhas ou outro lugar. Uma equipe ainda
vai gravar mais linhas e eu continuarei minhas escavações. Apesar de sabermos
muito mais sobre nazca do que há 20 anos, é uma investigação que ainda está em
curso.
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